JK Business Center, Q. 103 Sul Rua SO 1, 413-559 - Sala 1105 - Palmas - TO

Educação Permanente na Prevenção de Quedas Em Idosos Institucionalizados

Educação Permanente na Prevenção de Quedas Em Idosos Institucionalizados

Saiba mais sobreEducação Permanente na Prevenção de Quedas Em Idosos Institucionalizados

Resumo: Analisar as evidências científicas que identificaram ações de Educação Permanente na prevenção de quedas em idosos institucionalizados. Foi utilizado o método de Scoping Review, baseado nos procedimentos indicados pelo Instituto Joanna Briggs. Este método, visa mapear os principais conceitos, apurar e identificar lacunas do conhecimento, e obter a significância e a adequação da prática dos cuidados de saúde. Com base nesse cenário, formulou-se a pergunta norteadora: “Quais as evidências científicas que identificaram ações de Educação Permanente na prevenção de quedas em idosos institucionalizados?”. Foram realizadas buscas em seis bases de dados nacionais e internacionais sobre trabalhos publicados no período de 2008 a 2019. Dos 782 estudos encontrados, 42 foram selecionados para a leitura na íntegra, resultando em uma amostra final de 14 estudos analisados. Os estudos selecionados sobre a temática são de âmbito nacional e internacional com abordagens
quantitativo, qualitativo, quanti-qualitativo, randomizado, estudo reflexivo.

Pode-se constatar na maioria dos estudos que uma parcela significativa dos profissionais que lidam diretamente com a população idosa não tem treinamento adequado, principalmente aqueles que trabalham em instituição de longa permanência, o que pode favorecer o surgimento de quedas nos idosos. Observou-se nesta revisão uma escassez de estudo sobre Educação Permanente na prevenção de quedas nas ILPIs, pela literatura nacional e internacional. Diante da relevância do tema e sua complexidade revela a necessidade de pesquisas sobre essa temática.

Palavras-Chave: Educação Continuada, Educação Permanente; Acidentes por quedas; instituição de longa permanência para idosos; Idosos.

1. Introdução

Nas últimas décadas, o mundo tem tomado ciência do envelhecimento da população, fato social sem precedentes na história mundial e também no Brasil. Segundo o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (BRASILEIRO,
2016) o envelhecimento da população brasileira vem crescendo com uma previsão, para 2020, de aproximadamente 26 milhões de idosos, ou seja, estes representarão cerca de 12% da população total, tornando o Brasil a 6a maior
população idosa do mundo (PERRACINI, 2010).

Esse fenômeno mundial é uma grande conquista da sociedade e fruto do aumento na expectativa de vida e da redução da mortalidade da população. Entretanto, essa nova realidade chama a atenção para questões referentes ao
que significa ser velho e de que maneira podemos influir na qualidade de vida dessa população (ORIGINAL, 2008).

Segundo o World Health Organization (COURSE, 2007), à medida que as pessoas envelhecem, mesmo aquelas que não possuem doenças, debilitam-se gradativamente, dadas as alterações morfológicas, funcionais e bioquímicas que acontecem com o avanço da idade. Entre as várias alterações ocorridas ao longo dos anos, destacam-se a mobilidade física relacionada à osteoporose; a instabilidade postural: a alteração de marcha; as dificuldades visuais e a redução da força muscular (METODOLÓGICAS; BARUERI, 2012).

Sendo assim, uma das grandes preocupações relacionadas ao envelhecimento é o aumento da longevidade associada ao aumento da vulnerabilidade, dos riscos de acidentes e da prevalência de doenças crônicas degenerativas (SILVEIRA et al., 2008). Ainda para esse autor, tais aspectos surgem como consequências das limitações das funções do organismo, tornando-o cada vez mais suscetível à redução da capacidade funcional e da autonomia. Dentre os fatores incapacitantes que vêm contribuindo para agravar as condições de saúde da população idosa, e que é um dos principaisproblemas clínicos e de saúde pública devido a sua alta incidência, destacam-se as quedas.

A constatação desse agravo no cenário da saúde pública é apresentada pelos dados do Departamento de Informática do Sistema Único de Saúde (DATASUS), o qual, em 2007, informou que as quedas representaram 41,64% no total de internações hospitalares por causas externas (793.823 indivíduos), significando 330.511 pessoas aproximadamente. Na faixa etária de 60 a 69 anos, foram encontrados 24.028 idosos. Já na faixa etária de 70 anos ou mais, esses números subiram para 39.353 idosos. Especificamente no Estado do Rio de Janeiro, das 7.376 internações de idosos ocorridas entre janeiro e outubro de 2007, por causas externas, 4.737 (64%) foram devidas a quedas (BRASIL, 2007).

De fato, as quedas representam um problema de saúde pública, posto que o Ministério da Saúde (MS) considera os acidentes por quedas e, em especial as que acontecem com as pessoas mais velhas, como indícios de uma verdadeira epidemia, merecedora de preocupações dos responsáveis por políticas públicas (BRASIL, 2012). Elas estão comumente associadas ao declínio funcional decorrente do processo de envelhecimento humano e são frequentemente temidas pelas pessoas idosas por gerarem danos psicológicos e o medo de cair novamente (Fabrício e col., 2004).

Entretanto, as quedas sempre estiveram presentes no nosso cotidiano, já que desde os primeiros anos de vida, quando iniciamos os primeiros passos para andar, elas são bem frequentes. Porém, quando acontecem com os mais
idosos, passam a ser motivo de preocupação, pois se observam maishospitalizações e aumento nos custos das internações (IBGE 2009). Somam-se às complicações pós-quedas, a redução da qualidade de vida, a perda daautonomia e da independência funcional, o isolamento social, o declínio da saúde e a depressão, como foi bem observado por Paula (2010).

Pensar nos acidentes por quedas é estar diante de um problema de saúde pública com forte impacto econômico e social e, por isso, conhecer a incidência desse evento e identificar seus fatores de risco é de suma importância para estabelecer estratégias de prevenção (PERRACINI; RAMOS, 2002). Sendo assim, cuidar da saúde implica ações de promoção da saúde, prevenção e tratamento adequado das doenças. A promoção da saúde apresenta-se como uma estratégia promissora para enfrentar os múltiplos problemas de saúde. Partindo de uma concepção ampla de saúde-doença e de seus determinantes, propõe-se a articulação de saberes técnicos e populares e a mobilização de recursos institucionais e comunitários, públicos e privados para o enfrentamento e solução (ALVES JUNIOR, 2006).

A Carta de Ottawa (WHO, 1986), formalizada na Conferência Internacional sobre Promoção da Saúde, realizada em Ottawa, no Canadá, em 1986, definiu a Promoção da Saúde como políticas, planos e programas de saúde pública, com ações voltadas para atividades que tenham como foco a proposta de evitar que as pessoas se exponham a fatores condicionantes e determinantes de doenças e que tais atividades sejam dirigidas a impactar favoravelmente a qualidade de vida. A Carta afirma que são recursos indispensáveis para ter saúde: renda, habitação, educação, alimentação adequada, ambiente saudável, recursos sustentáveis, equidade e justiça social, com toda a complexidade abarcada por alguns desses conceitos. Assim, para melhorar as condições de saúde de uma população são necessárias mudanças profundas dos padrões econômicos dessas sociedades e intensificação de políticas sociais, que são eminentemente políticas públicas.

Em 2003, foi aprovada, pelo Conselho Nacional de Saúde e pactuada com a Comissão Intergestores Tripartite, a Política Nacional de Educação Permanente em Saúde (EPS), (BRASIL, 2006)proposta pelo Ministério da Saúde para ser a política de educação do SUS. A Educação Permanente em Saúde é uma atividade educativa de caráter contínuo, cujo eixo norteador é a transformação do processo de trabalho, centro privilegiado de aprendizagem. É voltada para a prática educativa que se orienta pelo cotidiano dos serviços, partindo da reflexão crítica sobre os problemas referentes à qualidade da assistência.

A Educação Permanente em Saúde vem também ao encontro das novas diretrizes curriculares propostas aos cursos de graduação na área da saúde, pois destina-se à transformação do modelo de atenção à saúde, fortalecendo a promoção e prevenção de agravos no Sistema Único de Saúde, em especial as quedas, oferecendo assistência integral e autonomia aos trabalhadores de saúde para a eficácia da pratica educativa. Busca também a formação de um
profissional crítico, capaz de aprender a aprender, de trabalhar em equipe, de levar em conta a realidade social para prestar uma assistência humana e de qualidade (BRASIL, 2001).

Sendo assim, percebe-se a relevância de trabalhar a EPS nas Instituições de Longa Permanência para Idosos (ILPI), no sentido de preparar, capacitar os cuidadores a identificar os fatores de riscos de quedas e promover a prevenção desses acidentes, viabilizando um cuidado integral aos internos e evitando possíveis incapacidades físicas geradas por esse agravo. Assim para um serviço geriátrico de qualidade, no qual se incluem as instituições de longa permanência para idosos (ILPI),é necessário um trabalho formado por uma equipe multidisciplinar (médicos, enfermeiros, fisioterapeutas, terapeutas ocupacionais, psicólogos),capacitada em desenvolver intervenções adequadas, baseadas em ações de prevenção e na promoção da saúde (TOMASINI; ALVES, 2007).

As instituições de longa permanência para idosos devem oferecer um ambiente seguro e acolhedor a esses idosos funcionalmente dependentes ou não. E assim garantira manutenção da autonomia, promover o conforto, prevenção de doenças, inclusão social e principalmente uma assistência à saúde eficiente e de qualidade (SANTOS et al., 2011).

Os resultados desse estudo poderão fornecer subsídios a docentes, estudantes e Administradores de ILPI a compreensão da inserção da EPS no processo de ensino-aprendizagem voltada para os cuidadores na prevenção
dos fatores de riscos associados a quedas nos idosos. Bem como, fornecer subsídios para futuros estudos, uma vez que, a literatura abordando essa temática no Brasil, ainda é recente e tímida.

Mediante o exposto, e a importância da inserção da EPS na rotina dos cuidadores das ILTI na prevenção de quedas nos idosos, surge o seguinte questionamento: Quais as evidências científicas que identificaram ações de Educação Permanente na prevenção de quedas em idosos institucionalizados?

Afim de responder essa pergunta, o presente estudo buscou realizar um Scoping Review no sentido de analisar as evidencias científicas que identificaram ações de Educação Permanente na prevenção de quedas em idosos institucionalizados.

2. Método
Estudo realizado por meio do Scoping Review, de acordo com o método de revisão proposto pelo Instituto Joanna Briggs (JBI). Este método possibilita mapear os principais conceitos, refinar áreas de pesquisas e identificar falhas
do conhecimento (JOANNA BRIGGS INSTITUTE, 2015). Consiste em uma revisão exploratória, destinada a mapear, na produção científica, estudos relevantes em determinada área. É descrito em cinco etapas: I. identificação da
questão de pesquisa; II. Identificação dos estudos relevantes; III. Seleção dos estudos; IV. Análise dos dados; V. Síntese e apresentação dos dados (ARKSEY e O’MALLEY, 2005).

Inicialmente, foi definida a questão de pesquisa, o objetivo do estudo e os descritores, obedecendo a combinação mnemônica Population, Concept e Context (PCC) para uma revisão scoping review (PETERS et al., 2015). Foram
definidos P - idosos institucionalizados; C - ações de educação permanente na prevenção de quedas e C - ILPI. A questão norteadora estabelecida foi: Quais as evidências científicas que identificaram ações de Educação Permanente na prevenção de quedas em idosos institucionalizados?

Nesse sentido, inicialmente foi feito um levantamento bibliográfico, a princípio com as palavras - chaves educação permanente, acidentes por quedas e Instituição de Longa Permanência para idosos (ILPI) nas bases de dados Biblioteca Virtual em Saúde (BVS) e Portal CAPES, com o intuito de verificar e selecionar os descritores em estudos publicados nessas bases. Foi considerado o limite temporal dos estudos pesquisados entre 2008 a 2019 com o intuito de obter referências mais atualizadas sobre a temática.

Vale ressaltar que a busca foi realizada por dois pesquisadores independentes, conforme critérios do JBI (JOANNA BRIGGS INSTITUTE, 2015), que posteriormente realizaram também buscas nas bases de dados: Portal Regional da BVS, Biblioteca Virtual em Saúde do Ministério da Saúde, Rede de Revistas Científicas da América Latina e Caribe, Espanha e Portugal (Redalyc), Google Acadêmico, LILACS, National Library of Medicine (PubMed) e Cumulative Index to Nursing and Allied Health Literature (CINAHL). Estas duas últimas foram pesquisadas no Portal de Periódicos da CAPES, a partir da identificação por meio da Comunidade Acadêmica Federada (CAFe), com a
seleção da instituição de ensino superior Universidade Federal do Tocantins (UFT), como forma de padronizar a coleta nessas bases, no período de junho a julho de 2019. Foram analisadas as palavras contidas nos títulos, resumos e descritores. Os estudos selecionados que respondiam à questão norteadora desta revisão foram lidos na íntegra e suas referências foram analisadas com a finalidade de adicionar novos estudos.

Para a realização das buscas foram utilizados os Descritores em Ciências da Saúde (DeCs) para as bases em português: Educação Continuada, Educação Permanente; Acidentes por quedas; instituição de longa permanência para idosos; idosos; e para as bases que utilizam o idioma em inglês foram utilizados os descritores do Medical Subject Headings (MeSH): Education, Continuing; Accidental Falls; Homes for the Aged.

Para combinação dos descritores na busca dos artigos, foram utilizados os termos booleanos: AND e OR, conforme descrito na estratégia de busca: [(“educação continuada” OR “educação permanente”) AND “prevenção de quedas” AND idoso OR (“educação continuada” OR “educação permanente”) AND ILPI AND “prevenção de quedas” OR “education, continuing” AND “homes for the aged” OR “education, continuing” AND “accident falls” AND older]. A
literatura cinzenta também foi utilizada, sendo pesquisada na base de dados LILACS por meio da BVS. Após a realização da busca, foram incluídas: pesquisas elaboradas nos idiomas português e inglês, publicadas na íntegra
com abordagem quantitativa, qualitativa, relato de experiência, revisão integrativa, estudo de coorte, relatório e literatura cinzenta que respondessem à pergunta norteadora. Foram excluídos artigos que não estavam disponíveis
livremente para consulta na web; estudos que não responderam à questão norteadora e que eram repetidos.

Na terceira etapa, foram pré-selecionados os artigos a partir da leitura dos títulos e resumos e a amostra final foi alcançada com base na leitura dos mesmos na íntegra. Os artigos foram analisados (quarta etapa), mediante
indicadores de coleta de dados designados por: ano de publicação, autores, país de origem, periódico/ instituição, título, método do estudo, tipo de publicação e ações de educação permanente na prevenção das quedas.

A quinta etapa consistiu na análise crítica dos dados. Os resultados foram digitados em quadros disponíveis no programa Microsoft Word 2016® e analisados de forma descritiva. Destaca-se que o estudo foi realizado com
dados de domínio público, dessa forma, a apreciação ética não se fez necessária.

3. Resultados

Dos 782 estudos encontrados, após a leitura intensa dos títulos e resumos, 42 foram selecionados por preencherem os critérios de inclusão estabelecidos. Entre os selecionados, 10 foram excluídos por estarem repetidos em mais de uma base de dados e 11 por não contemplarem em sua totalidade o tema, se referindo de modo geral aos riscos de quedas em idosos ou fatores associados a quedas em idosos sem abordar a educação permanente. Os dez estudos restantes foram analisados e incluídos na pesquisa. Após a análise das referências, três estudos foram adicionados.
Desse modo, a amostra final dessa revisão totalizou em treze estudos selecionados.

A execução da busca e seleção dos estudos desta revisão está representada no fluxograma (Figura 1), segundo recomendações do JBI, conforme checklist adaptado do Preferred Reporting Items for Systematic Review and Meta-Analyses (PRISMA) (JOANNA BRIGGS INSTITUTE, 2015).

Educação Permanente na Prevenção de Quedas Em Idosos Institucionalizados

Os três estudos inclusos nesta revisão foram publicados e/disponibilizados no período de 2004 a 2013. Dentre eles, um é artigo, o outro é manual de estatuto, e o último é portaria. Os estudos sobre a temática abordaram estudos de abordagem qualitativa, quantitativa, texto reflexivo, pesquisa por amostragem, avaliativa, quati-qualitativa, que abordavam objetos de estudos semelhantes sobre educação em saúde na prevenção de quedas em idosos institucionalizados (Quadro 1).

Nessa perspectiva, o quadro 2 expõe necessidades encontradas de Educação Permanente em Saúde na prevenção de quedas em idosos institucionalizados e as sugestões apontadas pelos autores para efetuar de
forma mais precisa a Educação Permanente nas ILPIs de modo que valorize a
construção do saber coletivo na prevenção das quedas em idosos.

Dentre os estudos selecionados, destacam-se também as políticas de saúde que garantem os direitos dos idosos como, por exemplo, a uma assistência integral mediante suas necessidades pessoais. Dos Manuais do Ministério da Saúde encontrados, ressalta-se o Estatuto do Idoso e a Política Nacional de Educação Permanente em Saúde. Foi utilizado também, uma dissertação.

Quadro 1. Estudos encontrados conforme ano de publicação, autores, país do estudo, periódico/instituição, título, método e tipo de publicação, Palmas - TO, 2019

Educação Permanente na Prevenção de Quedas Em Idosos Institucionalizados

Quadro 2. Descrição da necessidade de Educação Permanente em Saúde na prevenção de quedas em idosos institucionalizados, Palmas - TO, 2019.

4. Discussão

As transformações ocorridas no mundo atualmente têm impulsionado a busca pelo conhecimento, o mercado de trabalho globalizado exige que o profissional esteja qualificado para desempenhar suas atribuições com
excelência. Diante disto, várias mudanças têm ocorrido no processo de formação e capacitação dos profissionais que estimule o pensamento crítico ereflexivo em várias áreas de atuação, em se tratando da população idosa, faz-
se necessário que o profissional conheça assuntos inerentes astransformações dessa fase, como por exemplo, principais agravos acometidos e meios de prevenção de quedas a fim de promover uma melhor qualidade de vida para estes.

Entre os estudos selecionados nesta revisão, foi possível verificar que uma parte significativa destes (3, 7, 10, 12 e 13) tratava da escassez de profissionais qualificados para trabalhar com a população idosa, bem como as dificuldades em realizar ações de Educação Permanente nas ILPIs. Por outro lado, outros estudos (6, 9 e 11) abordavam o conhecimento dos cuidadores em relação a importância da educação para a prevenção de quedas em idosos. Destes, um era estudo realizado fora do Brasil (6), o qual ressalta a importância da educação continuada, já que a Educação Permanente é uma política nacional. Os demais (1 e 2) são portarias, (4, e 8) são manuais e o 5 é relatório da Organização Mundial da Saúde, todos são documentos referentes a temática (Quadro 1).

Nesse sentido, o Ministério da Saúde vem renovando e ampliando, no decorrer do tempo, estratégias e políticas para a adequação da formação e qualificação dos trabalhadores de saúde que atendam às necessidades da população e colabore com o desenvolvimento do SUS, uma vez que, a Constituição Federal de 1988 deixa evidente em seu Artigo 200, inciso III, que atribui ao SUS a competência de ordenar a formação na área da saúde (BRASIL, 1988; BRASIL, 2004).

Diante desse contexto, em 2003 o Conselho Nacional de Saúde aprovou a Resolução que corroborou para o Ministério da Saúde homologar em fevereiro de 2004 a Portaria 198/04 que originou a Política Nacional de Educação Permanente em Saúde como estratégia do SUS, para formação e desenvolvimento de trabalhadores para o setor, o que fortalece os ideais da Organização Mundial da Saúde (OMS) que, em 1990, aprovou a Educação Permanente como essencial para a qualidade da assistência à saúde (BRASIL, 2004).

Nessa perspectiva, voltando a realidade encontrada nos estudos (3, 7,10, 12 e 13), no qual são ressaltadas a falta de preparo dos cuidadores, as orientações insuficientes relacionadas aos cuidados com a pessoa idosa, a inexistência de treinamentos, e a dificuldade de desenvolver educação permanente em uma ILP, por conta da sobrecarga de atividades, corroboram para a ocorrência de acidentes por quedas nos idosos nas instituições de longa permanência, provocando lesões, e em muitos casos a dependência e limitações físicas (Quaro 2) (SILVA et al., 2008; FELICIANI, SANTOS e VALCARENGHI, 2011; OLIVEIRA et al., 2016; FREIRE et al., 2018; MENESES et al., 2019).

A Política Nacional da Pessoa Idosa aprovada através da portaria no 2.528/06 ressalta ainda mais essas dificuldades encontradas nos estudos citados anteriormente ao destacar a escassez de equipes multiprofissionais e interdisciplinares com conhecimento em envelhecimento e saúde da pessoa idosa que desenvolva uma assistência qualificada a essa população. Além disso, no Estatuto do Idoso é assegurado a atenção integral à saúde do idoso, por intermédio do Sistema Único de Saúde (SUS), garantindo-lhe o acesso universal e igualitário, em conjunto articulado e contínuo das ações e serviços, para a prevenção, promoção, proteção e recuperação da saúde, incluindo a atenção especial às doenças que afetam preferencialmente os idosos (Quadro 2) (BRASIL, 2006; BRASIL, 2013).

Desta forma, é importante que as ILPI revejam as práticas de ações educativas dos seus cuidadores priorizando a Educação Permanente, já que a mesma propõe que os processos de capacitação dos trabalhadores da saúde tomem como referência as necessidades de saúde das pessoas e das populações, da gestão setorial e do controle social em saúde, tenham como objetivos a transformação das práticas profissionais e da própria organização do trabalho e sejam estruturados a partir da problematização do processo de trabalho (BRASIL, 2004).

Sendo assim, a Educação Permanente é entendida como uma atualização cotidiana das práticas, uma forma contínua para o desenvolvimento profissional na área de saúde, com objetivo permanente da qualidade dos serviços em saúde, contribuindo para atender as necessidades individuais e coletivas da população (CECCIM, 2005).

É comum encontrar confusões de entendimento entre os conceitos de educação continuada e educação permanente. Para muitos, ambas parecem ter a mesma característica. Nesta revisão, pode-se observar essa confusão nos estudos 9 e 11 (Quadro 2). No estudo 9, essa confusão fica subentendida a medida que o autor relata que os cuidadores reforçam a importância da educação continuada em saúde e a consideram como uma forma de aperfeiçoamento de busca de novos conhecimentos e novas práticas de saúde. Contudo, os autores apontam a importância da educação como estratégia para construir a capacidade de políticas e práticas efetivas de prevenção de quedas, para os profissionais de saúde envolvidos e para os responsáveis pelo design e pela construção de habitações e espaços públicos usados pelos idosos, afim de promover uma maior segurança aos mesmos (SANTOS, WEIZENMANN e
KOETZ, 2015). Desse modo fica a dúvida se estes cuidadores se referiram à educação continuada com a intensão de citar a educação permanente.

Já no estudo 11 (Quadro 2), os participantes deixaram evidente o desalinhamento quanto o entendimento dos conceitos da educação continuada e da educação permanente no momento da abordagem. Todavia, souberam identificar situações que possam favorecer o surgimento de quedas nos idosos, e colaboram com sugestões de ações educativas que contribuam para a prevenção das quedas (CONTARINE NETO, 2016).

Diante dessas confusões de entendimento, faz-se necessário realizar uma distinção dos conceitos entre Educação Continuada e Educação Permanente ressaltando os diferentes processos educativos envolvendo seus princípios metodológicos distintos. Contudo, ambas possuem uma característica de continuidade ao processo de educação.

A Educação Continuada é caracterizada por representar uma continuidade do modelo escolar ou acadêmico, concentrado na atualização de conhecimentos, geralmente com enfoque disciplinar, em ambiente didático e baseado em técnicas de transmissão, com objetivos de atualização. Envolve atividades de ensino após o curso de graduação, com finalidades mais restritas de atualização, aquisição de novas informações e por meio de metodologias tradicionais. É considerada uma estratégia descontínua de capacitação, pois ocorrem rupturas no tempo, onde os cursos são periódicos sem sequência constante (MASSAROLI e SAUPE, 2008; BRASIL, 2009).

Em relação a Educação Permanente, esta representa uma revolução nas práticas de capacitação dos trabalhadores da saúde, onde incorpora o ensino e o aprendizado à vida cotidiana das organizações e às práticas sociais e laborais, no contexto real em que ocorrem. Onde o processo de trabalho é tido como seu objeto de transformação, com a finalidade de melhorar a qualidade dos serviços, pretendendo alcançar equidade no cuidado e um atendimento qualificado das necessidades da população (BRASIL, 2009; NETO, 2016).

Em estudo realizado nos Estados Unidos (6, Quadro 2), verificou-se a importância das ações de educação na prevenção e redução dos acidentes de quedas dos idosos. Foi ressaltada pelos cuidadores a importância de haver
mudança de currículos e uma intensificação maior nas capacitações através da educação inicial e continuada, abordando a comunicação com os familiares dos residentes sobre seus cuidados, cuidados com a demência e trabalho com os supervisores, entre outros pontos (SENGUPTA, HARRIS-KOJETIN e EJAZ, 2010).

O Relatório Global da OMS sobre Prevenção de Quedas na Velhice, o qual é uma versão traduzida do WHO global report on falls prevention in older age traz várias reflexões realizadas sobre prevenção de quedas, onde destaca
a educação como uma estratégia essencial para construir a necessária capacidade de políticas e práticas efetivas de prevenção de quedas. Por se tratar de um manual internacional, ele não aborda especificamente a Educação
Permanente, uma vez que a mesma é uma Política Nacional (5, Quadro 2) (SÃO PAULO, 2010).

Nesse contexto, conforme o quadro 2, as soluções apontadas pelos autores de modo geral é a intensificação da realização de ações educativas com foco na Educação Permanente que promova a capacidade crítica e
reflexiva dos cuidadores e demais pessoas envolvidas no cuidado ao idoso, promovendo um conhecimento coletivo e compartilhado relacionado ao processo de ensino-aprendizado mediante as demandas do trabalho na prevenção de quedas dos idosos, visando uma melhor qualidade de vida destes.

5. Considerações

Muitos profissionais da saúde que trabalham diretamente no atendimento ao público idoso parecem não ter o preparo suficiente para desenvolver suas atividades com presteza e atender de forma adequada as necessidades dessa população. Principalmente daqueles que se encontram em uma instituição de longa permanência. Desse modo, é imprescindível que se realize capacitações nos ambientes de trabalho direcionados as ações de Educação Permanente, uma vez que, irá trabalhar os problemas identificadosna rotina, promover uma reflexão crítica, mudanças no processo de ensino-aprendizagem e transformações no processo de trabalho dos cuidadores.

Os resultados desta Scoping Review demonstram algumas soluções viáveis para as ILPIs como, por exemplo, formar parcerias com as Instituições de Ensino Superior no sentido de promover a educação permanente aos seus profissionais visando as prevenções de quedas nos idosos e uma melhor qualidade de vida destes, retardando desse modo, o surgimento da dependência. Tais estratégias exigem o engajamento de vários setores como governamentais, por meio das políticas públicas, sociais e institucionais.

Percebe-se que, o campo de estudo sobre Educação Permanente na prevenção de quedas nas ILPIs, ainda é pouco explorado pela literatura nacional e internacional, considerando uma lacuna para ser preenchida com futuras pesquisas.

6. Referências

ALVES JUNIOR, E. D.; PAULA, F. L. A prevenção de quedas sob o aspecto da promoção da saúde. Fit Perf J., v. 7, n. 2, p. 123-9, 2008.
ARKSEY, H.; O’MALLEY, L. Scoping studies: towards a methodological framework. International Journal of Social Research Methodology, v. 8, n. 1, p. 19-32, 2005. Disponivel em: <http://www.journalsonline.tandf.co.uk/openurl.asp?genre=article&eissn=1464-
5300&volume=8&issue=1&spage=19>. Acesso em: 22 jul. 2019.
BRASIL, C. Constituição: República Federativa do Brasil. Senado Federal. Brasília. 1988.
BRASIL MINISTERIO DA EDUCAÇÃO, C. N. DE E. D. C. DO C. DE G. EM M.
Diretrizes Curriculares Nacionais do Curso deGraduação em Medicina. Ministerio da Educação, p. 1-6, 2001.
BRASIL, M. D. S. PORTARIA No 198/GM Em 13 de fevereiro de 2004.
Ministério da Saúde. [S.l.]. 2004.
BRASIL, M. D. S. PORTARIA No 2.528 DE 19 DE OUTUBRO DE 2006.
Ministério da Saúde. Brasília. 2006.
BRASIL, M. D. S. Política Nacional de Educação Permanente em Saúde / Ministério da Saúde, Secretaria de Gestão do Trabalho e da Educação na Saúde, Departamento de Gestão da Educação em Saúde. Brasília:
Ministério da Saúde, 2009. 64 p. - (Série B. Textos Básicos de Saúde) (Série Pactos pela Saúde 2006; v. 9).
BRASIL, M. DA S. Série Pactos pela Saúde: Política Nacional de Educação
Permanente em Saúde. 2010.
BRASIL, M. D. S. Estatuto do Idoso. Brasília: Ministério da Saúde, 2013. 70 p.
BRASILEIRO, I. DE G. E E. Censo demorgrafico 2015 por região, 2016.
CECCIM, R. B. Educação Permanente em Saúde: desafio ambicioso e necessário. Interface-Comunic, Saúde e Educ, São Paulo, v. 9, n. 16, p. 161- 168, fev. 2005. Disponivel em: <http://www.redalyc.org/articulo.oa?id=180118751013>. Acesso em: 01 jul. 2019.
COURSE, L. WHO Global Report on Falls Prevention in Older Age WHO Global Report on Falls Prevention in Older Age. 2007.
CONTARINE NETO, L. Educação permanente como contribuição para a
intervenção e prevenção de quedas em idosos. Dissertação (MestradoProfissional em Ensino na Saúde). Universidade Federal Fluminense. Niterói, p. 93. 2016.
FARINATTI, P. D. T. V. ENVELHECIMENTO PROMOÇÃO DA SAÚDE E EXERCÍCIO: BASES TEÓRICAS E METODOLÓGICAS, VOLUME 1. Barueri, SP: Manole, 2008. Resenha de: LIMA, JLM. BIUS, v. 3, n. 2, p. 53-68, 2012.
FELICIANI, A. M.; SANTOS, S. S. C.; VALCARENGHI, R. V.
FUNCIONALIDADE E QUEDAS EM IDOSOS INSTITUCIONALIZADOS:
PROPOSTAS DE AÇÕES DE ENFERMAGEM. Cogitare Enferm, v. 16, n. 4, p. 615-21, Out./Dez. 2011. Disponivel em:
<https://revistas.ufpr.br/cogitare/article/view/22456>. Acesso em: 20 jul. 2019.
FREIRE, H. S. D. S. et al. Conhecimento dos Cuidadores de idosos institucionalizados sobre prevenção de quedas em Fortaleza - CE. Revista
Nursing, v. 21, n. 242, p. 2248-2253, 2018. Disponivel em: <http://www.revistanursing.com.br/revistas/242-
Julho2018/Conhecimento_dos_cuidadores.pdf>. Acesso em: 18 jul. 2019.
JOANNA BRIGGS INSTITUTE (JBI). Methodology for JBI Scoping Reviews. Austrália: JBI, 2015. Disponivel em: <www.joannabriggs.org>. Acesso em: 22 jul. 2019.
MASSAROLI, A.; SAUPE, R. Distinção conceitual: Educação permanente e Educação Continuada no processo de trabalho em saúde. PIBIC. [S.l.]. 2008.
MENDES, K. D. S.; SILVEIRA, R. C. D. C. P.; GALVÃO, C. M. Revisão integrativa: método de pesquisa para a incorporação de evidências na saúde e
na enfermagem. Texto & Contexto Enfermagem, Santa Catariana, v. 17, n. 4, p. 758-764, out./dez. 2008. Disponivel em: <https://www.redalyc.org/pdf/714/71411240017.pdf>. Acesso em: 01 junho 2019.
MENESES, I. G. et al. Educação permanente em equipe multidisciplinar de um programa gerontológico: concepções, desafios e possibilidades. ABCS Health SciL, v. 44, n. 1, p. 40-46, 2019. Disponivel em: <https://www.portalnepas.org.br/abcshs/article/view/1257>. Acesso em: 18 jul. 2019.
METODOLÓGICAS, B. T. E.; BARUERI, V. 4- RESENHA DE LIVRO ENVELHECIMENTO PROMOÇÃO DA SAÚDE E EXERCÍCIO : In: Envelhecimento : Pormoção da Saude e exercicio. [s.l: s.n.]. v. 3p. 53-68.
OLIVEIRA, P. P. et al. CONHECIMENTO DO CUIDADOR SOBRE PREVENÇÃO DE QUEDAS EM IDOSOS. Rev enferm UFPE on line, Recife, v. 10, n. 2, p. 585-92,
fev. 2016. Disponivel em:
<https://periodicos.ufpe.br/revistas/revistaenfermagem/>. Acesso em: 20 jul.
2019. ORIGINAL, A. A prevenção de quedas sob o aspecto da promoção da saúde.
Fitnees E performance, v. 2, p. 123-129, 2008.
SÃO PAULO (ESTADO), S. D. S. Relatório global da OMS sobre prevenção
de quedas na velhice / WHO global report on falls prevention in old age.

AGENDE UMA CONSULTA

Clique aqui e fale conosco
WhatsApp
chamar no WhatsApp
Comercial Clínica MatureVita www.drapaulageriatria.com.br Online
Fale com a gente pelo WhatsApp
×